Com uma mentalidade inversa à do marketing tradicional, o inbound se destaca por trazer um conjunto de estratégias e técnicas que visam a divulgação de uma marca, ou produto, de forma não invasiva.
Por Thiago Toledo, aluno do 5º período de Publicidade e Propaganda
O que é Inbound Marketing
O termo foi criado em 2006, com a fundação da HubSpot, empresa americana de softwares para automação de marketing, vendas e CRM (Customer Relationship Management), ferramenta de registro, organização e armazenamento de dados do consumidor. Os dois fundadores da empresa, Brian Halligan e Dharmesh Shah, notaram que, com a chegada da era digital, a evolução do mundo se daria de forma cada vez mais rápida, e que já no ano de 2006, o marketing convencional não oferecia segurança, podia até ser considerado invasivo.
Com a análise do cenário em que se encontravam e projetando o futuro, Halligan e Shah perceberam que, para a nova empresa ter sucesso, eles teriam que atrair o público ao invés de correr atrás dele, e a forma como eles fariam isso seria produzindo conteúdo de qualidade.
O tempo passou, e o inbound marketing (marketing de atração) se consolidou como um revolucionário modo de se fazer marketing, estando muito mais focado na experiência do consumidor e nas suas necessidades, buscando trazer este consumidor para mais perto da marca, criando uma relação de afeto, o que torna mais fácil a venda.
“O inbound marketing nos permite criar uma série de estratégias para dar suporte à jornada do consumidor. Por meio de um funil dinâmico e focado na experiência, conseguimos atrair a atenção de consumidores potenciais (visitantes), transformá-los em potenciais clientes e, finalmente, em clientes. A principal estratégia consiste na criação de conteúdo de qualidade, relevante e útil para o consumidor. Para isso, precisamos estudar o comportamento das nossas personas, que representam os nossos clientes ideais, e as especificidades das plataformas digitais”, explica Luciana Andrade, consultora especializada em produção de diagnóstico e planejamento de comunicação e marketing digital.
Inbound x Outbound Marketing
Mencionado também como marketing tradicional, o outbound marketing traz uma lógica inversa ao inbound, como pontua Luciana Andrade.
“O outbound ficou conhecido por operar na lógica interruptiva e o inbound pela lógica da atração. No primeiro caso, corremos atrás do potencial cliente para seduzi-lo e convencê-lo a se tornar cliente. No segundo, atraímos as pessoas pelos seus interesses, de uma forma mais natural e espontânea. Porém, a técnica utilizada tem que ser aquela que faz sentido para os seus públicos de interesse”.
Leonardo Olesse, diretor da Olesse Comunicação, falou sobre esta relação entre essas duas estratégias.
“Os dois se complementam, é um erro as pessoas menosprezarem o outbound, é como o rádio, a televisão e a internet, a chegada de um não cancela o outro. Não adianta você criar um anúncio com pouca verba sem ter um processo de inbound por trás, você vai precisar que o seu site seja bem ranqueado pelo Google, você vai precisar que o Google leia que você tem autoridade no assunto, quem promove isso é o inbound, isso faz baratear o custo do outbound, ambos se complementam”.
O diretor da Olesse Comunicação também foi mais a fundo na questão do inbound marketing.
“Você cria uma relação além da relação de negócio com o seu cliente, então você traz essa proximidade, você ranqueia melhor nos diversos meios de pesquisa, você passa a ter um vasto meio de conexão com pessoas que provavelmente vão ser da sua área e você consegue segmentar muito bem tudo isso, afunilar”.
Investimento no digital
Um processo natural para as marcas é a presença no mundo digital.
“Temos blogs, podcasts, vídeos, ebooks, isso tudo gerando formas de conteúdo que atraem o potencial cliente, que é chamado de lead, e são formas de fazer com o que você já tem, com o que você já sabe, porque o conteúdo que você vai fazer ali pode ser um conteúdo que diariamente a sua empresa pode praticar. E, afora isso, principalmente o SEO (Search Engine Optimization, sendo traduzido como: otimização para mecanismos de busca), que é o ranqueamento nas buscas, a valorização do seu site, da sua marca, de forma orgânica, sem se utilizar de anúncios”, pontuou Leonardo Olesse.
Uma marca que está passando por um processo de investimento no digital é o jornal especializado em economia e gestão de negócios, Diário do Comércio, que está no mercado desde 1932.
“No Diário do Comércio, ainda não fazemos o marketing digital da marca, está acontecendo agora um movimento para isso. Existe uma empresa que está fazendo esta negociação pra gente e ela vai fazer este serviço, todavia, quando um cliente quer inserir algum produto de marketing digital no jornal, a gente trabalha com branded content, criando conteúdo que se relaciona diretamente com o que os interesses do público-alvo, promovendo diretamente nossa marca”, explicou Will Araújo, editor digital do jornal.
“O carro-chefe do Diário do Comércio ainda é o impresso, mas estamos mudando este modelo de negócio para incluir o digital, que é onde temos mais repercussão. A produção de conteúdo multimídia está começando agora, fazemos vídeos institucionais, podcasts, também temos como investir em entrevistas, transmissões ao vivo, fotografia, tendo as duas plataformas de foco: o portal online e o jornal impresso”, completou o editor.
Brand Persona
Ainda mais saliente no mundo digital, a importância da marca ter uma voz, uma personalidade, um rosto, criou uma tendência que cresce cada vez mais: as brand personas.
“A brand persona é uma ferramenta estratégica de humanização de marca por meio da criação de um perfil repleto de características humanas. Isso gera identificação, proximidade e estreita o vínculo entre consumidores e marca. E não precisa existir sempre um avatar ou personagem para materializar a brand persona. Ela pode ser mais sutil e percebida apenas pela linguagem e relacionamento nas redes. A minha empresa sempre cria brand personas para nossos clientes, pois esse é um dos itens indispensáveis para um bom plano de presença digital”, explicou Luciana Andrade.
Leonardo Olesse trouxe um case de sucesso, que está muito presente no nosso cotidiano.
“Um exemplo extraordinário é a Lu do Magalu, é muito mais interessante, atraente, real e natural ver ela no Instagram postando fotos, vídeos, mostrando a vida dela enquanto utiliza produtos vendidos pela marca e se comunicando diretamente com o público, do que a marca simplesmente postar uma foto do produto. Hoje ela já se tornou influencer, as marcas contratam ela para divulgar seus produtos, ela também virou redatora do blog Canaltech”.
“O ser humano lida muito com outros seres humanos, ele gosta de conversar, ver, interagir, e a brand persona proporciona isso, são representações únicas, de pessoas únicas, que na verdade não são pessoas, são marcas”, concluiu Leonardo Olesse.