Por Laura Mourão – 8° período de Jornalismo e Letícia Sudan – 5° período de Jornalismo
O Dia Internacional da Igualdade Feminina, comemorado no dia 26 de agosto, representa mais um marco histórico na luta das mulheres pelo direito ao voto, por direitos civis, representatividade política e por igualdade. Traz à tona reflexões importantes sobre o papel da mulher na sociedade em que vivemos e a maneira com que as políticas públicas são implementadas, para que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres esteja presente nesses tempos modernos.
Há algumas décadas, os lugares da mulher na sociedade eram exclusivamente o casamento e a maternidade. Não tinham acesso à educação, ao mercado de trabalho e muito menos às questões políticas como o direito ao voto.
A data celebra o dia em que os Estados Unidos permitiram que as mulheres fossem às urnas pela primeira vez, em 1920. Essa conquista foi possível graças ao movimento sufragista, composto por mulheres de diversas classes sociais que chegaram a recorrer à desobediência civil para garantirem o direito de votar.
O mercado de trabalho e sua desigualdade
Nesse dia de comemoração é importante não se esquecer do que ainda é preciso conquistar, pois a luta das mulheres pela igualdade de gênero é diária e ocupa todos os espaços na sociedade. Apesar de já terem conquistado um espaço significativo no mercado de trabalho, as mulheres recebem, em média, 20,5% menos que os homens no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a luta pela equidade salarial não é a única que precisa avançar.
Essa desigualdade entre os gêneros começa na infância, quando as meninas sentem mais o peso das tarefas domésticas do que os meninos. Por causa da criação patriarcal, quando as mulheres crescem, tomam para si a responsabilidade da casa. Além de todo esse trabalho não remunerado ao qual se submetem dentro do lar, e da desigualdade salarial, a maternidade também se torna um fator prejudicial à carreira da mulher.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Market Analysis, em parceria com a Rede WIN, mostrou que, no Brasil, 50% das mães, após a maternidade, deixaram de lado desejos e metas. Outro levantamento feito pela Catho, com 13.161 participantes no Brasil, mostrou que 28% das mulheres ficaram longe do mercado de trabalho por um tempo depois da licença-maternidade.
Violência contra a mulher
A Lei Maria da Penha foi sancionada no dia 7 de agosto de 2006, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e tem como objetivo criar mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, em conformidade com a Constituição Federal.
Segundo a delegada da Delegacia Especializada de Investigação e Violência Sexual, Juliana Califf, “a criação da Lei Maria da Penha, foi uma grande conquista para as mulheres em todo país e vem sendo melhorada a cada ano. Ela serviu para punir com mais rigor os agressores e tirar algumas medidas despenalizadoras contidas na lei do juizado especial, se tornando assim muito mais rigorosa do que a legislação que tinha até então”.
Com essa conquista, algumas mulheres criaram força para denunciarem seus agressores. Entretanto, ainda há muito o que melhorar. No Brasil, a violência sexual atingiu a marca de 66.041 registros em 2018, isso corresponde a 180 estupros por dia, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. Também em 2018, foram 263.067 casos de lesão corporal dolosa, o que significa um registro de violência doméstica a cada 2 minutos.
Apesar da queda de 23% em denúncias de violência doméstica no mês de março em Belo Horizonte, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, sabemos que a realidade é outra e bem preocupante, já que, durante a pandemia, as mulheres estão em casa, onde, na maioria das vezes, é o local que seus agressores moram.
O que é igualdade de gênero
A igualdade de gênero é a igualdade em direitos, responsabilidades e oportunidades de homens e mulheres. Igualdade não significa que mulheres e homens são os mesmos, mas que ambos devem ser livres para fazer as suas escolhas e desenvolver as suas capacidades pessoais sem a interferência ou limitação de estereótipos definidos por seu sexo biológico.
Essa igualdade entre homens e mulheres é uma questão de direitos humanos e uma condição de justiça social, sendo um requisito fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. Defender a igualdade de gênero é defender os mesmos direitos para todas as pessoas, sejam homens ou mulheres.
A ativista e coordenadora da Casa Tina Martins, Ana Clara Fernandes, fala da importância da igualdade de gênero na luta contra o patriarcado:
“É importante sabermos o que é igualdade de gênero, justamente para entender o porque que não merecemos menos em nenhum aspecto e entendendo melhor esses conceitos a gente consegue planejar como colocar em prática para que a possamos de fato alcançar essa igualdade de acabar com o patriarcado.”
Série de podcasts sobre igualdade de gênero
A equipe da CACAU – Comunidade de Aprendizagem em Comunicação e Audiovisual do UniBH, produziu uma temporada inteira da série CACAU Explica sobre igualdade de gênero com 3 especialistas no assunto, explicando cada conceito. Os podcasts estão disponíveis aqui: