A captação de elementos e cores fazem referência aos sentimentos dos personagens
Por Maria Luiza Gomes, aluna do 6º período de Publicidade e Propaganda no UniBH
Heartstopper roubou o coração de muita gente neste último mês. A série, lançada pela Netflix, é baseada numa graphic novel de mesmo nome, da autora Alice Oseman, que também assina o roteiro da série. Heartstopper chamou atenção pela leveza, otimismo e honestidade que seus personagens passam, já que a história lida de maneira muito tranquila e natural com temas como autodescoberta da sexualidade e questões LGBTQIA+.
Com uma direção de arte sensacional, a série utiliza sempre uma paleta de cores alegre e bem saturada, brincando com o contraste e as cores vibrantes, além de juntar algumas cenas específicas que combinam a adaptação com cartoon, o que traz para a série muita jovialidade. Esses aspectos também lembram e podem ter como inspiração o clássico “Diário de um Banana” (2010).
A relação das cores com os personagens e as suas emoções são bem nítidas, principalmente as cores azul e amarelo, que representam os personagens principais, Nick Nelson e Charlie Spring. Algo que não é novo, pois essa estratégia já é muito utilizada pela linguagem cinematográfica e do audiovisual.
Assim, as cores azul e amarelo representam um conjunto bem interessante. Enquanto o azul pode remeter à segurança, à lealdade e à compreensão, o amarelo pode simbolizar otimismo, criatividade e alegria.
Dessa maneira, é intrigante como a série utiliza a primeira cor para representar o personagem Nick Nelson (Kit Connor), com tons mais escuros, principalmente o azul. O personagem é alguém cauteloso, sistemático e monótono. O vemos na série vivendo de maneira regrada e sem possibilidade de variações. Ele mesmo diz que acaba escondendo a sua verdadeira personalidade, então vivia preso e confuso, o que aumenta no decorrer da série.
Já para o Charlie Spring (Joe Locke), temos o amarelo, que representa o raciocínio e intelecto. Por isso ele gosta de matemática e tem muitas notas boas e também é muito otimista e acolhedor. Notamos isso de maneira mais aprofundada na HQ.
Com isso, temos uma narrativa que envolve os dois pela paleta de cores. É como se tudo conspirasse para o encontro de ambos. Além disso, durante toda a série aparecem vários arco íris nas cenas. Isso acontece, por exemplo, quando Charlie e Nick se veem pela primeira vez e quando se beijam na chuva. Cores e luzes também aparecem durante o primeiro beijo em público de Tara e Darcy, em que as cores da bandeira LGBT as envolvem e, nesse momento, Nick as observa. Ele é coberto pelas luzes azul, roxo e rosa, que representam a bandeira bissexual.
Somado a isso, temos os vários grafismos e simbologias utilizadas durante a série em momentos importantes para o desenvolvimento dos personagens. Tais grafismos podem simbolizar um nervosismo, como se fosse “borboletas no estômago”, em momentos em que eles estão confusos, ansiosos e felizes.
Ademais, há o brasão do uniforme dos meninos, que fica estampado nas roupas. O desenho muda conforme os episódios passam: no primeiro episódio, a árvore, o símbolo da escola Truham, onde os meninos estudam, aparece sem as folhas. No decorrer da série, aparecem algumas folhinhas, que podem ser uma metáfora para a vida e para as emoções dos personagens, que vão aflorando ao longo da série. No penúltimo episódio, a árvore já está toda cheia de flores e bem viva. O ápice é durante o episódio em que o Charlie começa a fantasiar sobre o Nick e, na imaginação dele, o brasão do uniforme do Nick tem coraçõezinhos.
Heartstopper é cheia de esperança e amor, para nos dar um gostinho de quero mais. Se ficou interessado em assistir, ou em reviver a sensação de frio na barriga do primeiro amor, a série está disponível na Netflix!