Alfabetização midiática: responsabilidade no consumo de notícias

  • Sociedade
Pesquisa realizada pela Fiocruz aponta que 65% das fake news envolve curas caseiras milagrosas para a Covid-19 

Por Alexandre Santos, aluno do 7° período de jornalismo

O advento das redes sociais transformou a forma como a informação é produzida e consumida, o que torna a temática um assunto importante para ocupar os espaços virtuais e presenciais. Educação midiática é o conjunto de habilidades para acessar e analisar de maneira crítica a informação em todos os seus formatos, do impresso ao digital. Todo mundo pode produzir e consumir conteúdo, mas o excesso de informação é um desafio ao senso crítico. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a educação para as mídias deve ser abordada como  Alfabetização Midiática e Informacional (AMI ou Media Literacy), construindo uma aprendizagem sobre o que é e como se produz a informação, evitando a disseminação de notícias falsas. A capacidade de ler, analisar, avaliar e produzir a comunicação em uma série de formatos midiáticos é fundamental para o entendimento completo do conteúdo. 

A professora de comunicação social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geane Alzamora, ressalta que a educação midiática não depende, necessariamente, da forma de alfabetização, pelo contrário, ela pode incidir de modo a colaborar com esta forma de ensinamento. “Este momento da pandemia alertou sobre a relevância dos estudos midiáticos para todas as formas de interação cotidiana, inclusive as formas de sala de aula”, explica.

Geane ainda reforça a importância de entender como os jovens interagem com os mecanismos, e como tais mecanismos podem ser usados dentro e fora do ambiente acadêmico, porque o contexto de sala de aula é expandido por meio das mídias sociais.

“Primeiro é preciso ser ofertado um projeto que entre dentro das grades curriculares, e além disso, podemos ter o mecanismo para fazer isso dentro de comunidades num segundo momento, por demandas, mas para isso é preciso que estes projetos estejam disponíveis na sociedade”, pondera.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO MIDIÁTICA

A jornalista e editora pública na Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA), Marta Avancini, argumenta que é importante que a população saiba consumir as informações usando o pensamento crítico, seja por meio das redes sociais ou por meio da mídia tradicional. 

“Essa capacidade de leitura e compreensão do que é veiculado nos meios de comunicação é  importante. A discussão vem dos anos 50, e é  baseada no poder que esses meios têm em induzir pensamentos, comportamentos, sensibilidades e opiniões. Hoje, no momento em que vivemos, a educação midiática se tornou crucial para o exercício da cidadania”, explica.

Questionada sobre como conscientizar a população sobre o tema, a jornalista reforça que a educação é o único caminho possível. Ela também ressalta a existência de campanhas responsáveis pelo ensino,   bem como a importância de difundir agências de checagem. 

“Sem capacidade de leitura e crítica, a pessoa não tem autonomia para se posicionar. Quando falamos em idosos, que vêm de uma outra geração, é importante que eles saibam da existência de lugares onde é possível verificar se a mensagem recebida por WhatsApp procede ou não”, finaliza

FAKE NEWS NA PANDEMIA

O termo fake news, em tradução livre, significa “notícia falsa”.  Tal material, quando compartilhado sem checagem, pode se espalhar rapidamente, alcançando um número maior de pessoas. A partir disso, o olhar para a educação midiática entra em prática, desde a busca pelo autor ou por um portal conhecido, seja ele de relevância no mercado ou do próprio governo. 

Segundo matéria publicada pelo Estado de Minas, durante o período pandêmico, foi feito um estudo com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que revelou que 5,7% das notícias falsas estão relacionadas a golpes bancários, 5% tratam de projetos falsos para arrecadar recursos destinados a instituições de pesquisa e 4,3% qualificam a doença como uma manobra política.

TRÊS PLATAFORMAS PARA VERIFICAR A VERACIDADE DE INFORMAÇÕES:

Agência Pública: 

A instituição, sem fins lucrativos, avalia notícias que abordam a administração pública e a defesa dos direitos humanos. 

Agência Lupa: 

Fundada em 2002, a agência Lupa é a primeira agência de notícias brasileira a se especializar na técnica fact-checking. 

E-Farsas: 

Fundada no dia primeiro de abril de 2015, o portal foi criado a fim de desmistificar histórias que circulam na internet. 



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