Jornalistas na atualidade

As redes sociais dão voz aos comunicadores fora de seus empregos tradicionais.

Por Douglas Alexandre, aluno do 8º período do curso de Jornalismo do UniBH

O mundo formal e tradicional dos telejornais, rádios, jornais impressos, e até mesmo da internet, está em constante mudança. Desde o início dos anos 2000, com a popularização dos meios de comunicação digital, que não se via tantas mudanças e, no meio disso, o jornalista encontrou uma nova forma para se expressar sobre vários assuntos.

O estudioso americano Henry Jenkins já dizia que a cultura de convergência é como “a arte da criação do universo e ambientes atraentes que não podem ser completamente explorados ou esgotados em uma única obra, ou mesmo em uma única mídia” (JENKINS, 2008, p. 161). Nesse contexto, os grandes veículos de massa já caminham com profunda fluidez entre as principais plataformas, como website, Instagram, Facebook, Twitter e Tik Tok, como forma de entretenimento complementar.

As redes sociais estão cada vez mais presentes no cotidiano das famílias, em especial as brasileiras. Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2018, aponta que a internet está presente em 74% das casas do país. Destes, 94% utilizam as redes sociais para trocar mensagens e se informar, superando os modelos tradicionais. Pensando nisso, muitos profissionais da comunicação estão se firmando cada vez mais nesse espaço, o que vejo com bons olhos.

Ao pensarmos num modelo tradicional, logo imaginamos o jornalista atrás da bancada, de terno e postura séria. A imparcialidade na apresentação do noticiário e entonação de voz bem característicos são marcas registradas desse modelo. Mas essa forma engessada vem se transformado e, através das redes sociais, o que antes não poderia ser comentado dentro das transmissões acaba sendo exposto em seus perfis nas redes sociais de maneira a atingir e influenciar o seu público. Suas roupas são mais próximas do que estamos habituados em casa e o tom de voz cada vez mais familiar.

Pensando em um recorte mais regional, a jornalista mineira da Rede Record, Janice de Castro, utiliza sua conta no Instagram para fazer breves introduções de suas reportagens, passeios pelo mundo e até declarações de amor incondicional ao Clube Atlético Mineiro. Já o experiente jornalista da Rádio Itatiaia e Rede Record, Eduardo Costa, prefere realizar comentários políticos, fazendo uma extensão dos programas apresentados por ele em seu trabalho. Mas, o que chama atenção é o seu posicionamento claro nos vídeos postados em seu canal, o que não era comum há pouco tempo entre os jornalistas.

Um exemplo de repercussão positiva foi o ocorrido com outra figura importante do jornalismo mineiro. A apresentadora do MG1, da Rede Globo, Aline Aguiar, postou uma foto dos seus cabelos naturais em sua conta no Instagram no dia 30 de outubro do último ano. Após um usuário realizar comentários racistas, a âncora do telejornal printou o comentário e publicou um texto de repúdio. A publicação teve mais de mil comentários, entre algumas pessoas sensibilizadas e outras que se sentiram encorajadas a denunciar atos racistas ou preconceituosos. Pensando em um contexto positivo para a emissora, muitos telespectadores passam a assistir o jornal por se sentirem, de fato, representados.

O fato de cada profissional de comunicação se posicionar de maneira informal nunca foi um problema, mas sem dúvida, a sua influência e a marca da emissora associada sempre foram pontos importantes para os gestores saberem administrar. Até que ponto o profissional deve se pronunciar sobre determinados assuntos? Cada caso deve ser observado e ter uma orientação em relação ao assunto, se necessário, para não haver respingos indesejados no trabalho. Mas percebemos uma reeducação do público que consegue separar melhor o funcionário da empresa e, assim, os jornalistas podem se expressar sobre diversos assuntos, colocando o seu ponto de vista. Vale lembrar que, dentro desse processo, é claro que o extremismo sempre será condenado e terá fortes consequências, mas o que se nota é o surgimento de um mercado de influenciadores digitais jornalistas, com seus objetivos próprios, associados ao trabalho convencional.

Em outras redes sociais, como o Twitter, alguns profissionais do jornalismo utilizam suas contas para informar os seus seguidores sobre determinados assuntos e aproveitam para dar aquela apimentada na discussão, como é o caso do setorista esportivo Igor Assunção, que provoca os adversários cruzeirenses em sua conta. No caso do Facebook, os jornalistas têm investido em vídeos e reportagens de conteúdos mais apurados, com o objetivo de promover a interatividade. A apresentadora do Jornal Primeiro Impacto, do SBT, Márcia Dantas, faz isso muito bem. A jornalista dá dicas para os colegas de profissão e exemplos do seu acontecimentos em seu dia de trabalho. Também responde os seus seguidores sobre assuntos em geral.

Percebemos através dos exemplos, voltados para o jornalismo, que as novas plataformas de comunicação vieram não só para agregar conhecimento, informação e entretenimento, bem como para que os comunicadores possam disseminar seus posicionamentos dentre vários assuntos. Com isso, os usuários se sentem mais próximos, se identificam, e passam a seguir seus jornalistas influenciadores. Isto é a mais pura identificação de um novo jornalismo. Esperamos que suas vozes não sejam caladas e que, ao absorver conteúdo de vários meios e opiniões, o público possa fazer sua própria análise de cada acontecimento.

 



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