45% das pessoas afirmam já ter comprado algum produto por indicação de suas personalidades favoritas.
Por Laura Mourão
O brasileiro passa, em média, 9 horas por dia conectado à internet. E, dessas 9 horas, grande parte do tempo conectado é gasto dentro das redes sociais. Nesta terra de consumo de dados, os influenciadores são os reis e rainhas dos conteúdos: 71% das pessoas conectadas afirmam seguir algum tipo de influenciador e 62% afirmam possuir um influenciador favorito. Influencers, ou influenciadores digitais, são pessoas presentes em redes sociais, e outros veículos de troca de informação no meio digital, que possuem um grande volume de pessoas engajadas com seu conteúdo (números que chegam a milhões de seguidores) e alto poder de influência sobre elas. Existem influenciadores dos mais diferentes segmentos, como moda, empreendedorismo, estética, humor e educação. É importante entender que os influenciadores constroem afinidade com seus seguidores. Essa aproximação gera confiança, e confiança gera vendas. Não à toa, 45% das pessoas afirmaram já ter comprado algum produto por indicação de suas personalidades favoritas.
AFINAL, O QUE É MARKETING DE INFLUÊNCIA?
Marketing de influência, ou influencer marketing, é uma estratégia de marketing digital que envolve produtores de conteúdo independentes com influência sobre grandes públicos altamente engajados. O objetivo de trabalhar com esses produtores de conteúdo, conhecidos como influenciadores digitais, é criar uma ponte entre uma marca e o público influenciado por eles, impactando positivamente na estratégia de marketing digital.
Através dessa identificação do público com o produtor de conteúdo, as marcas encontram uma oportunidade de estabelecer parcerias com os influenciadores para que utilizem, apresentem e divulguem seus produtos e serviços.
Infográfico: Matheus Rocha
Hoje em dia, já existem empresas especializadas em marketing de influência no Brasil, como a Metrópole 4, de Belo Horizonte. “Muito mais que um sistema para encontrar influenciadores, a plataforma da Metrópole 4 é uma solução completa, capaz de contratar influenciadores, realizar campanhas de marketing de influência do início ao fim, e medir os resultados alcançados. Nosso time de especialistas em marketing digital auxilia clientes e influenciadores digitais a criarem campanhas criativas, autênticas e engajadas, transformando experiências da vida real em conexões entre marcas e pessoas”, afirma o CEO da empresa, Edson Rocha.
Para Edson, trabalhar com o marketing de influência é propagar, por meio de uma voz forte, admirada e detentora de credibilidade, informações que influenciam no caminho do consumidor até a compra, de forma a favorecer a marca. Investir nesse tipo de estratégia tem gerado grandes resultados para as marcas, principalmente pela possibilidade de segmentar suas ações, escolhendo que tipo de público atingir de acordo com o objetivo da campanha.
Na Metrópole 4, o contato da marca com o influenciador funciona como um “match”. Após o primeiro briefing com a marca, é feita uma procura – através de uma tecnologia de rastreamento nas redes sociais – por influenciadores que possuem sinergia com a campanha e que desejem participar dela. Em seguida, esses perfis são apresentados para a marca como sugestões, em caso de aceitação de ambos os lados, a campanha é desenvolvida.
INFLUENCIE REPRESENTATIVIDADE
Ao pensar em representatividade, algumas lutas e bandeiras podem automaticamente vir à cabeça, como o combate ao racismo, os debates feministas, a luta pelos direitos LGBTQIA+ e as reivindicações indígenas. Mas o que essas lutas têm em comum?
Esses grupos são considerados minorias sociais, ou seja, tais pessoas não são representadas no espaço público, como na política, na televisão, em novelas, filmes, no jornalismo, nos cargos de maior poder e prestígio social.
Representatividade é se sentir parte de uma representação, ou seja, enxergar em um reflexo seus interesses, traços da sua aparência/ personalidade/identidade, classe social, nicho ou minoria. A representatividade não é apenas a organização de grupos buscando que seus interesses sejam representados e garantidos, mas é sobretudo parte da formação do que é o indivíduo que compõe esse grupo.
A agência Heads, em parceria com a ONU Mulheres, divulgou uma nova edição de sua pesquisa sobre a representatividade de gênero e raça na publicidade brasileira. A sétima edição do estudo “TODXS – Uma análise da representatividade na publicidade brasileira” mostra que, apesar de estar em evolução, o mercado nacional ainda precisa quebrar estereótipos e se conectar com os consumidores de forma mais relevante.
Segundo a pesquisa, entre os homens protagonistas de propaganda de TV, os negros são 9%. Entre as mulheres, o índice chega a 25%, o maior da série até agora, mas um número ainda distante da realidade brasileira, onde a população é de 55,8% de pretos e pardos, segundo o IBGE. Quando olhamos os coadjuvantes, o percentual de negros é bem mais representativo, podendo ser maioria em alguns casos. Isso significa que a diversidade ainda fica em segundo plano e o protagonismo continua majoritariamente branco.
A pesquisa também traz dados sobre as representações e seus papéis nos filmes: os segmentos de produtos de limpeza, telecomunicações, alimentos, beleza e cosméticos e produtos farmacêuticos utilizam totalmente ou quase totalmente da imagem da mulher. No caso dos homens, os segmentos responsáveis por usar suas imagens são sites e aplicativos, seguradoras, entretenimento, combustíveis, construção e eletrônicos.
Essas informações deixam clara a persistência dos estereótipos no mundo da publicidade e também mostram que apesar da questão estar sendo amplamente discutida, o avanço ainda acontece em um ritmo muito lento. Pensando nisso, cada vez mais marcas estão buscando aumentar a representatividade em campanhas de marketing.
O marketing de influência, por sua vez, também agrega na representatividade, por estar presente nos mais diversos nichos. O que pode ser algo polêmico já que, comumente, tem-se levantado o debate sobre o mau uso desses influenciadores por parte das marcas. Por isso, faz-se importante estabelecer um pensamento crítico sobre até que ponto o marketing, como um todo, tem buscado realmente essa representatividade ou somente a atração de públicos específicos.
A exigência de mais representatividade nas redes sociais ganha destaque especialmente no marketing de influência. As pessoas procuram por quem mais se parece com elas, por isso, o cenário tende a ser cada vez mais diverso. Com esse cenário, parte das agências e anunciantes já olha para a diversidade como ponto de partida para a criação de campanhas.
Isso mostra também um pouco das preferências das novas gerações, que se mostram cada vez mais conscientes sobre as questões sociais. Com um público com esse perfil, é natural que as marcas acompanhem e procurem por influencers que transmitam essa visão.
A modelo e digital influencer negra, Laís Lima, acredita que a representatividade no meio da publicidade é importante para que as pessoas tenham as mesmas oportunidades de trabalho dentro do mercado da internet.
“Claro que, com os últimos acontecimentos, as empresas passaram a ter um novo olhar quanto à representatividade, porém estamos muito longe ainda de conquistar nosso espaço nesse meio. Podemos ver que muitas empresas falam em representatividade, mas quando se entra no perfil destas, não vemos o que dizem”, afirma Laís.
Laís ainda fala que já perdeu algumas oportunidades de trabalho por ser negra. “Perdemos trabalhos por optarem por pessoas brancas. No meio ‘Miss’ por exemplo, para que eu possa vencer um concurso, preciso estar em um nível muito superior para chegar ao mesmo nível que uma outra mulher branca, apenas pela diferença de cor e por já terem um ‘padrão’ de mulher”, completa a modelo. Para ela, as marcas podem ajudar nas lutas sociais através de divulgação dos movimentos, tendo a representatividade de forma assertiva.
VIVO DISSO
Esse mercado de marketing de influência está claramente em ascensão. Algo que 10 anos atrás seria improvável, hoje se faz como plano de carreira de muitas pessoas. A youtuber e influencer, Mayara Guimarães, começou seu canal em 2015, sem muita pretensão de um retorno. “Sempre consumi muito conteúdo na internet, mas nunca tive esse ‘chamado’ para trabalhar com isso. Até que passei por uma grande transformação em meu cabelo e senti que precisava compartilhar com as pessoas, e isso despertou algo em mim. Se eu conseguisse atingir uma pessoa com meu conteúdo, eu tinha atingido meu propósito, e para o meu espanto, deu muito certo”, afirma Mayara, que hoje tem o marketing de influência como sua principal fonte de renda.
Mayara tem o conteúdo de marca como sua maior fonte de renda. Foto: reprodução Instagram @maya.guim
Mayara afirma que seu maior desafio é inovar na internet, trazendo um conteúdo de relevância para conseguir se manter, sem focar apenas no dinheiro, cocriando com as marcas. Tendo constância e consistência para fidelizar as pessoas que te seguem.
Há poucos anos, nem todas as marcas eram engajadas com os influenciadores, era mais uma relação de troca. “Eu te dou meu produto e, em troca, você divulga minha marca”, a questão do “recebidos” era muito forte. Na medida em que o tempo foi passando, não só os produtores de conteúdo foram amadurecendo, e vendo que essa divulgação é um trabalho e que precisava ser monetizado, mas as marcas também passaram a conscientizar que era necessário monetizar esse serviço.
“No início, eu tinha muita dificuldade em me posicionar, mas eu fui entendendo que essa era a minha fonte de renda e a partir desse posicionamento eu comecei a filtrar as marcas que eu divulgava de acordo com meu valor. A partir do momento que eu comecei a me valorizar, as marcas começaram a me enxergar de maneira diferente também”, afirma Mayara.