O desafio da reeducação alimentar

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Nutricionista lista quais alimentos devem ser retirados da rotina alimentar

Por Alexandre Santos, aluno do 7°  período de Jornalismo do UniBH

Reuniões de trabalho, estudo, prazos apertados e demandas que parecem não ter fim. A cada dia que passa, a impressão é que os dias estão ficando menores diante da quantidade de tarefas que devem ser realizadas em curtos espaços de tempo. E, nessa rotina acelerada, deixamos de lado algo muito importante: nossa alimentação. 

Na busca por praticidade, acabamos consumindo alimentos que muitas vezes não têm nenhum valor nutricional e podem ser prejudiciais para nossa saúde. De acordo com pesquisa divulgada pela Universidade Livre de Berlim, em conjunto com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o consumo de alimentos como carne, queijo e frutas caiu cerca de 40% nos lares brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov 2), e o de alimentos como hortaliças e legumes diminuiu cerca de 36,8%. 

Tamyres Lima, moradora do bairro Jardim América, na Região Oeste de Belo Horizonte, passou pelo processo de  reeducação alimentar e relata que, apesar de ter sido difícil no princípio, com o passar do tempo foi possível notar uma melhora em sua qualidade de vida. “Eu tenho insônia, e quando eu estava nesse processo, notei que a qualidade do meu sono melhorou, e esteticamente também tive resultado”, detalha. 

A estudante de medicina veterinária compartilha que começou o processo motivada a mudar seu peso e regrar sua alimentação. “Eu sentia que minha alimentação era muito largada, eu comia muito fast food e precisava mudar isso para ter resultado estético e também na minha saúde”, explica. 

Sobre essa mudança, Tamyres ressalta que reeducar a alimentação trouxe mais benefícios do que uma dieta restritiva, pois assim ela consegue comer de forma equilibrada. “Eu entendi que eu posso comer um chocolate e tomar refrigerante. Com a dieta restritiva, você tem que deixar de consumir vários alimentos que gosta, mas quando você se reeduca, é possível comer com consciência do que você está fazendo”, pondera.

A nutricionista Michelle Baroni, que trabalha há 13 anos na produção de refeições de alimentação coletiva de restaurantes industriais, explica que a chave de uma alimentação saudável é o equilíbrio, sem exageros e restrições. “Um cardápio balanceado ajuda o sistema imunológico, melhora o humor e a memória, reduz o cansaço e o estresse, aumenta a qualidade do sono, previne o envelhecimento precoce da pele, melhora o sistema digestivo, além de fornecer mais disposição e energia para as atividades diárias”, pontua a profissional da saúde. 

Michelle, que prefere não usar o termo “dieta”, mas reeducação alimentar, ressalta que os maiores desafios para manter uma alimentação saudável é criar uma rotina alimentar, não encarar a comida como uma espécie de prêmio, comer rapidamente ou descontar o estresse na comida, além da dificuldade em distinguir a vontade de comer com fome. 

Questionada sobre qual o melhor caminho para começar a reeducação alimentar, a nutricionista é enfática ao destacar que o processo gradual exige paciência. “Começar aos poucos, mudando hábitos, cada dia fazendo pequenas mudanças, fazendo melhores escolhas dos alimentos quando for colocar algo no prato para ser consumido”, aconselha.

Foto: Reprodução Flickr/ Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

 

Michelle lista quais alimentos devem ter o consumo reduzido no cotidiano, por possuírem pouco valor nutricional. Veja a seguir: 

Refrigerantes: 

Na forma tradicional, a bebida tem altas taxas de açúcares, em torno de 35 gramas por lata de 350 ml. A bebida ainda aumenta os riscos de hipertensão, retenção de líquidos, age como irritante gástrico e pode fazer mal para os ossos, por prejudicar a absorção de cálcio.

Sucos artificiais: 

Os sucos industrializados têm pouca ou quase nenhuma porção de fruta neles, o que reduz muito seu valor alimentar. A fórmula ainda costuma ter açúcar em excesso, já que, além do natural da fruta, há também o adicionado industrialmente. Isso amplia os riscos de obesidade e diabetes tipo 2. A grande quantidade de aditivos, dentre eles aromatizantes e corantes, principalmente nas versões em pó, também é prejudicial. 

Doces ultraprocessados: 

Biscoitos recheados, balas, bolos de pacote, sorvetes industrializados: a lista de doces ultraprocessados à venda é enorme, mas em uma alimentação equilibrada sua ingestão deve ser baixa. Essas opções costumam ser carregadas de açúcares e gorduras, favorecendo o consumo extra de calorias e o aparecimento de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol elevado.

Embutidos: 

Esses alimentos são ricos em gorduras saturadas, aromatizantes e corantes, além de conservantes como o nitrito e o nitrato de sódio. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou a salsicha, a linguiça e o presunto na lista de alimentos que aumentam o risco de câncer no intestino e recomendou a redução do consumo desses alimentos. É recomendável que outras carnes processadas, como hambúrgueres industrializados e empanados de frango, também sejam evitados. 

Macarrão instantâneo e sopas em pó: 

Além das altas taxas de sódio (o macarrão pode chegar a ter cerca de 65% do total diário recomendado), as sopas em pó e os instantâneos têm muitos aditivos, como corantes e realçadores de sabor, e pouco valor nutricional. Por ser frito durante o processo de fabricação, o macarrão instantâneo ainda possui elevado teor de gorduras, principalmente saturadas.

Salgadinhos industrializados: 

A fórmula dos salgadinhos de pacote envolve alto valor calórico, muitos gramas de gordura, sódio, conservantes, aromatizantes e corantes. Esses aditivos ainda podem ser alergênicos.

Quer saber mais sobre alimentação saudável? Confira a matéria “Consumo de alimentação saudável aumenta em 2020”, clicando aqui.



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