O tik tok e a ascensão do mercado literário

Sucesso da rede social pode contribuir para sociedade

Por Carolynne Furtado

Vídeos com resenhas sobre o universo literário sempre foram comuns no youtube, porém, com a nova onda surgindo no tik tok, a leitura ganhou mais estímulos neste ano. Os denominados “Booktokers” são pessoas que gravam vídeos de até 30 segundos expressando suas opiniões sobre determinados livros, classificando-os e criticando com análises breves e pontuais. 

Há trends que são conhecidas como “fofocas literárias”, onde os booktokers explicam o enredo de um livro e deixam o final em aberto, para que o público tenha interesse em ler e saber como a história termina. “Cês não sabem o que aconteceu. O professor encontrou o celular na minha mochila e me mandou para a sala da diretora, pra começar o celular nem era meu. Mas ok, fui lá na diretora argumentar que o celular não era meu e tinham outros quatro alunos que estavam lá na mesma situação. Enfim, só sei que cinco minutos depois um menino falou que estava com sede e bebeu a água que estava em cima da mesa, teve uma reação e caiu morto…”Esse é um exemplo de fofoca literária descrita pela mineira Débora Aladim, conhecida como (@Dedaaladim), no tiktok. 

E não para por aí. Além das resenhas, há também indicações de livros para ler em apenas um dia, livros que foram julgados pela capa ou até mesmo livros que não valem a pena serem lidos. As opiniões nessa plataforma divergem bastante e o que faz a comunidade crescer tanto é justamente o fato de que as pessoas ficam curiosas para expor suas opiniões sobre livros que foram julgados ruins.

Booktokers compartilham suas impressões sobre livros no aplicativo.

O fenômeno tem crescido tanto que as livrarias começaram a separar seções especiais para os livros recomendados no aplicativo. Vale lembrar que essas recomendações nem sempre focam em livros atuais. Há muitos lançamentos antigos entre os mais vendidos.Os livros tratam de variados temas, porém os mais predominantes são os de fantasia, suspense e LGBTQIA+. 

Essa evolução veio para desconstruir o pensamento de que a internet e as redes sociais são razões para a queda do percentual de leitores. De acordo com dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil – realizada em 2020- o país perde  cerca de 4,6 milhões de leitores em 4 anos, para uma média de 4,96 livros lidos por habitantes. Portanto, acaba abrindo caminhos para outros métodos de aproveitamento. Por exemplo, seria interessante usar o tiktok no âmbito educacional para que os alunos gravassem tags com os paradidáticos que são lidos na escola. 

Com o início da pandemia e da quarentena, muitos jovens confinados começaram a impulsionar o uso do aplicativo para gravar as chamadas tags ou trends literárias, fator esse que aumentou o percentual de vendas para 42% na literatura infanto-juvenil. Em um país onde a população de leitores chega a 100 milhões, é extremamente satisfatório  saber que uma rede social usou influências positivas para contribuir em um avanço necessário. 

 É importante admitir a contribuição que esse aplicativo fez para o cenário atual. Com taxas assustadoras de analfabetismo, a importância da leitura para o pensamento crítico é fundamental para construção de indivíduos que pensam racionalmente e constroem argumentos que dão continuidade ao aprimoramento da cognição humana.

    Dentre as recomendações de livros feitas no tiktok, os mais famosos são:
  • “Vermelho, branco e sangue azul” de Casey McQuiston
  • “Um de nós está mentindo” de McManus
  • “Cort de espinhos e rosas” de Sarah J. Maas
  • “Mentirosos” de E. Lockhart
  • “ Os sete maridos de Evelyn Hugo” de Taylor Jenkins Reid
  • “Daisy Jones and the six: uma história de amor e música” de Taylor Jenkins Reid

 

 



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