Recheadas de clichês, populares histórias de natal são adaptadas para filmes e músicas anualmente e são peça-chave para a popularidade da comemoração no entretenimento.
Por Rafael Alef, aluno do 4º período de Jornalismo do UniBH
Desde criança, sempre associei as celebrações de Natal a três coisas: o recesso de fim de ano, as grandes reuniões em família e a minha pequena tradição de assistir todas as produções natalinas que iam ao ar na TV e no cinema. Indo de clássicos, como Milagre na Rua 34, Esqueceram de Mim e Simplesmente Amor, até os sucessos contemporâneos O Príncipe de Natal e Amor com Data Marcada, uma coisa é certa: filmes com temática dedicada à celebração do Natal atraem pessoas ao redor do globo que buscam por um entretenimento mais leve e descontraído.
O interesse em massa por essas produções, que ganha mais espaço com a chegada do fim do ano, não é incomum, afinal, essas histórias nos apresentam casais apaixonados, divertidas famílias disfuncionais e exageradas situações cotidianas, que, com uma boa dose de clichês, levam às telas uma versão romantizada de como a vida poderia ser. E quem dispensa uma oportunidade de ser transportado para um universo fictício sem os problemas reais da nossa realidade? Eu não.
Atentas a demanda dessa audiência, as principais plataformas de streaming começam uma verdadeira corrida para ver quem consegue disponibilizar mais produções com a temática de Natal. Com a alta popularidade desses serviços, principalmente após o fim das celebrações de Halloween (ou Dia das Bruxas, comemorado em 31 de Outubro), os filmes natalinos, que já não aparecem tanto nos cinemas, ganham lugar de destaque e ficam disponíveis, mundialmente, com o clique de um controle remoto.
Segundo um compilado feito pela revista americana Entertainment Weekly, em 2021 serão lançadas, nas principais plataformas de streaming do mundo, 146 produções inéditas com a temática de Natal, entre os meses de novembro e dezembro. Somente na Netflix, são 28 filmes. Entre os novos títulos do serviço de transmissão online, destacam-se o terceiro filme da popular saga A Princesa e a Plebeia, estrelado pela atriz e cantora americana Vanessa Hudgens, e a produção Um Crush de Natal, primeiro filme natalino da plataforma protagonizado por um casal LGBTQIA +.
Para quem é amante do gênero existe uma grande variedade de novos títulos anuais, porém, os filmes de Natal passam longe das indicações a premiações famosas do cinema e da TV. Em 2020, o filme Dolly Parton: Um Natal na Praça, lançado pela Netflix, fez história ao vencer a categoria de Melhor Filme feito para Televisão no Prêmio Emmy do Primetime, premiação dedicada a produções e atuações da TV. A produção foi apenas a segunda do gênero a levar um troféu para casa, sendo a primeira produção vencedora o filme The Gathering, estrelado por Ed Asner e Veronica Hamel, lançado em 1977.
As grandes produtoras de cinema que investem na produção de títulos desse gênero raramente se preocupam em levar às telas adaptações de roteiros revolucionários ou atuações de tirar o fôlego. Ali, o importante é capitalizar o espaço de tempo que antecede as celebrações do Natal, em 25 de dezembro, visto que, em meio às decorações espalhadas pelas cidades e a compra de presentes, existe um maior interesse por parte da população em qualquer coisa relacionada ao Natal.
Esse interesse também pode ser visto além dos filmes. Ainda no início do mês de dezembro, a música All I Want For Christmas is You, da cantora americana Mariah Carey, já figurava na primeira posição da parada global do Spotify, serviço de streaming de música, podcast e vídeo, com quase 5 milhões de reproduções diárias. O crescente sucesso da faixa surpreende anualmente, visto que seu lançamento original aconteceu em 1994. Além de novos videoclipes musicais e documentários sobre a sua produção, a canção também foi inspiração para um filme animado, de mesmo nome, lançado em 2017.
As produções são inúmeras e, assim como a figura fictícia do papai noel, trazem, anualmente, um pouco mais de magia para as celebrações de Natal. Há quem goste e quem desgoste, mas com o tempo frio, típico dos últimos meses do ano, dar boas risadas e se emocionar com as fórmulas de storytelling mais reproduzidas na história do cinema é uma ótima pedida para quem só precisa se desconectar e relaxar. E acredite, o capitalismo sabe bem disso e, em meio aos ornamentos vermelhos e as cascatas de luzes em pisca-pisca, não vai te deixar esquecer.