Radialismo no Brasil

Por Alexandre Santos e Mylene Alves, alunos do 6º e 4º períodos de Jornalismo

Inventado pelo norte-americano Nikola Tesla, o rádio, como conhecemos, nasceu após o físico James Maxwell descobrir a existência de ondas de rádio, em 1860, e o italiano Gulgielmo Marconi executar a primeira transmissão-recepção eletrônica por centelhamento de sinais telegráficos em código Morse. Depois da criação dessa nova mídia, foi possível pensar em um conceito de comunicação em massa. 

Somente em 1922 foi realizada a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, executada no Rio de Janeiro, sob o comando do então presidente da república, Epitácio Pessoa, para celebrar os cem anos da independência do Brasil. A primeira rádio nacional, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, foi fundada por Roquette-Pinto, em 1923. 

Com a presença do jornalismo, da cobertura da Copa do Mundo, em 1938, e da produção de programas voltados ao entretenimento, como shows de calouros e as radionovelas, o rádio se tornou o principal meio de comunicação no Brasil e também o principal meio de propaganda do governo. 

Repórter Esso

O programa “Repórter Esso”, o primeiro produto de radiojornalismo no Brasil, estreou em 28 de agosto de 1941, tendo como uma de suas principais missões, fazer propaganda das guerras americanas ao povo brasileiro. O noticiário, rigorosamente monitorado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), cobriu passagens importantes da história, como as batalhas da segunda guerra mundial, quando chegou a enviar jornalistas para campo de batalha, e a vitória de Fidel Castro da Revolução Cubana. 

O Repórter Esso, à época, transmitido pela Rádio Nacional e pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, foi ao ar pela última vez no dia 31 de dezembro de 1968, em um programa apresentado pelo jornalista Guilherme de Souza. 

AM e FM

Os sinais de transmissão do rádio, são emitidos em duas frequências: AM, que significa “Amplitude Modulada” e FM, que significa “Frequência Modulada”. O sinais de rádio, quando descoberto, enviavam ondas modulados e com amplitude, o que explica o nome dado à frequência. Todavia, O AM estava sujeito a interferências externas, o que motivou a substituição pelo FM, que apesar de possuir uma amplitude inferior,  é mais resistente, além da maior qualidade sonora.

Tendências do Rádio

O advento das mídias sociais propiciou uma transformação nos meios de comunicação. Com a chegada da web e de todos os recursos tecnológicos que o digital oferece, nos últimos anos, as rádios têm apostado na transmissão de imagem pela internet, o que significa que o espectador, além de ouvir seus programas preferidos, também pode optar pelo consumo nas plataformas de streaming. 

As grandes rádios também têm apostado alto na produção de podcasts – programas de áudio – disponibilizados na internet, que ofertam ao ouvinte o benefício de ouvir quando e onde quiser.

Outra novidade é a web rádio. Hoje é possível produzir conteúdo radiofônico exclusivamente para o online, sem a necessidade de toda estrutura de uma rádio convencional. Para colocar uma web rádio no ar, o produtor precisa apenas de uma boa internet, um computador e uma plataforma de streaming. 

Rádio vs podcast

Uma das mídias que mais se aproximam do rádio é o podcast. O fato de serem meios que dão foco ao aúdio e na maioria vezes não usam imagens faz com que sejam vistos como modelos concorrentes. Mas eles também têm diferenças essenciais, o que acaba os direcionando a públicos diferentes.

Dentre as características que os definem, a principal é modo como o conteúdo é pensado e oferecido. Nas rádios, existem as grades de programação linear, em que os ouvintes acessam somente o que é transmitido naquele momento, ao vivo. E o podcast é produzido sob demanda: você ouve o que quiser e quando quiser, podendo não se prender a horários de programação, tendo um conteúdo personalizado e ainda com a opção de repetir quantas vezes quiser.

Isso pode também influenciar a interação que os meios têm com seu público. O rádio é comumente feito com um conteúdo factual, ou seja, programas que falam sobre assuntos atuais e que vão atrair ouvintes naquele dia, isso os leva a conseguir uma transmissão em massa. No podcast o conteúdo é de nicho, e costuma atrair pessoas com os mesmos gostos que os produtores, o que provoca uma relevância mais duradoura. 

Mas não se deve pensar sempre em um contra o outro. Com o uso conjunto das mídias é possível ampliar o público. Algumas rádios já vêm, inclusive, fazendo isso, como a Jovem Pan, que transforma um programa que foi transmitido ao vivo em um episódio de podcast, e às vezes criam conteúdo exclusivo.

Rádios com transmissão de imagem

Por muitos e muitos anos, o rádio trabalhou somente com o áudio, transmitido de falas simples, até as mais carregadas de sentimentos, e o público sempre teve de usar a imaginação para dar rosto às vozes, e para criar imagem das cenas narradas. 

Com a evolução das tecnologias e do jeito de se comunicar, as rádios também tiveram que pensar uma maneira de avançar para garantir que não ficariam para trás. O modo mais rígido de falar deu lugar a um mais informal, permitindo conversas mais leves, e o audiovisual ganhou espaço com a transmissão de imagens direto dos estúdios.

Agora, em algumas rádios, os ouvintes podem também acompanhar a reação dos apresentadores sobre cada assunto, e a interação também aumenta. Considerando que o público, muitas vezes, busca por um conteúdo multimídia, e por poder participar mais, nesse modelo os radialistas se dirigem melhor a eles, dando voz e engajamento. Isso coopera também em outros aspectos, vide a publicidade, que ganha mais força por falar com o povo e para o povo, o que gera maior retorno financeiro.

Radialistas de Belo Horizonte falam sobre a carreira

Os radialistas, Elias Sunshine, Brenda Lara, Fernanda Viegas e Pedro Vieira, dividem com quem deseja ingressar na profissão, suas experiências na rádio.  

 

 



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