UNE é a entidade máxima dos estudantes brasileiros e representa cerca de 6 milhões de universitários.
Por Letícia Sudan, 5° período de Jornalismo
Encontram-se relatos de que o movimento estudantil existe desde o século XX, da Revolta do Vintém, em 1880, contra o aumento da passagem, às manifestações contra o fascismo e o nazismo nos anos 40. Entretanto, oficialmente, a primeira entidade estudantil fundada foi o Centro Acadêmico XI de Agosto, em agosto de 1903.
Os Movimentos Estudantis são organizações políticas formada por estudantes, principalmente por alunos do Ensino Médio e das Universidades e podem, ou não, estarem vinculados a partidos políticos, tanto de esquerda quanto de direita. Ao longo da história, tais estudantes se organizaram em defesa de seus ideais, com o objetivo de causar mudanças políticas, ambientais, econômicas ou sociais.
Dessa forma, foram personagens principais em reivindicações no decorrer dos anos. Movimentos Estudantis estiveram em ações para o fim da Ditadura Militar, na Campanha Diretas Já, marcaram presença no movimento Caras Pintadas na década de 90, participaram ativamente da Campanha o Petróleo é Nosso, além de terem participado de protestos ocorridos em 2013 e 2014. Em 2016, protagonizaram inúmeras ocupações nas escolas (contra a PEC 241) e, mais tarde, em 2019, estiveram em grandes manifestações contra cortes nas universidades e institutos federais.
Atuantes nas transformações sociais, os movimentos estudantis conquistaram, por meio de muita luta, a meia-entrada, o passe livre estudantil, o desconto nas passagens, o Plano Nacional de Educação, bem como FIES, PROUNI e efetivação na política de cotas nas Universidades.
O estudante de Economia da USP e presidente da União Nacional dos Estudante – UNE, Iago Montalvão, acredita que o movimento estudantil é um poderoso instrumento de transformação social. “Quando você vê as atividades dos centros acadêmicos, dos DCE´s, das empresas juniores, e das atléticas, vê que é possível criar e expandir horizontes, pensar coletivamente.” disse ele.
ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS
A União Nacional dos Estudantes (UNE) foi fundada em 1937. Como a entidade máxima dos estudantes brasileiros, a organização representa cerca de 6 milhões de universitários de todos os 26 Estados e do Distrito Federal. “A UNE constrói lutas que possibilitam a conquista de condições para que estudantes – de escolas públicas, negros, pardos e indígenas – que antes não sonhavam com acesso ao ensino superior, consigam ingressar. E eu digo isso com muito orgulho e tranquilidade, porque eu ingressei na USP pelas cotas, porque eu sei que sem elas seria muito mais difícil conseguir, tendo passado toda minha formação na escola pública”, disse Iago Montalvão, presidente da UNE.
A UNE realiza eventos e reuniões para manter viva a essência do movimento como agente político e social, assim como fariam as instituições de participação democrática. Dentre tais ações, as mais importantes são o Congresso da UNE, que acontece a cada dois anos, para debater os rumos da entidade e eleger a nova diretoria, e a Bienal da UNE, um evento de difusão da arte e da cultura, produzido nas universidades CONEG – Conselho das Entidades Gerais, onde há o encontro de Centros e Diretórios Acadêmicos e DCE´S.
Já a União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG) representa todos os estudantes universitários de Minas Gerais, em espaços institucionais ou não. Assim como a UNE, a diretoria da UEE-MG é eleita de dois em dois anos em um congresso estudantil com representantes das Instituições de Ensino Superior de Minas.
Luiz Henrique Fonseca Ramos, estudante de Direito na UFMG, participante do Movimento Correnteza e da Unidade Popular (UP) disse “A UEE, por ser uma entidade representativa, serve para defender e expressar as vontades e necessidades das/dos estudantes mineiras/os nos diversos âmbitos de poder.”
Além das organizações já referenciadas, existem outras diversas, como o Movimento Correnteza – movimento universitário nacional que luta para que direito à educação gratuita e de qualidade seja assegurado a todos. Luiz Henrique Ramos é integrante do Movimento e explicou melhor o seu funcionamento. “Temos reuniões semanais, algumas de estudo e outras deliberativas. Já a UEE tem reuniões menos periódicas. Os eventos são idealizados e organizados a partir das reuniões e sempre são ligados a algum tema social relevante, como educação, a cidadania e política”, realçou.
OS MOVIMENTOS EM TEMPOS DE PANDEMIA
O cenário pandêmico – causado pela Covid-19 – que se apresenta para o Brasil e para o mundo desde o início de 2020 também provocou alterações no modelo de organização das lutas estudantis. Assim, ao adotar as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), os movimentos tiveram que repensar suas formas de trabalho – em uma atuação que pudesse existir mesmo em tempos de isolamento social.
“Apesar de não acontecer com toda força nas ruas, estamos ativamente articulando com parlamentares para defender os interesses e direitos dos estudantes, atuando em campanhas que diminuam as desigualdades intensificadas pela pandemia, como a de doação de materiais escolares, e pela mobilização do adiamento do Enem. Também lutamos pelo apoio jurídico aos estudantes e entidades. realizando debates on-line, lives e levando informações no site e nas redes sociais”, afirma Iago Montalvão.
“Durante a pandemia, tanto a UEE quanto o Correnteza têm atuado no sentido de fazer com que esse processo seja o menos danoso possível para os estudantes e para a educação, lutando pela garantia da assistência estudantil nas universidade públicas e pela redução das mensalidades, sobretudo contra a demissão em massa de profissionais na rede privada” – Luiz Henrique Fonseca Ramos