Com o trabalho em equipe de 12 a 14 horas por dia, e sem acesso a crédito e fi-nanciamento, Marcos acredita que a iniciativa conseguiu dar uma resposta muito consistente com aquilo que tinham em mãos. Prova disso é que, antes da pandemia, a equipe era composta por 10 funcionários. Hoje, são 12 profissionais contratados em razão da grande demanda online.
Setor hoteleiro
Antes do isolamento social, o cenário era otimista para a capital mineira, pois havia sinais de recuperação no setor hoteleiro. Entretanto, esse início de superação de crise precisou ser adiado. O Diretor de Políticas de Turismo e Inovação da Belotur – Em-presa Municipal de Turismo de Belo Horizonte, Marcos Boffa, contou que tinham um planejamento e que foram obrigados a repensá-lo em função da queda de arrecada-ção do município.
“Estamos trabalhando toda hora em um cenário diferente. É uma crise mundial e a gente tem que se ajustar a ela. Certamente, vai ter um impacto sobre o nosso planejamento, mas não quer dizer que não vamos tentar viabilizar o máximo de coisas possíveis, ainda mais nesse momento em que o setor do turismo precisa de todo apoio necessário. O que mais queremos é ver a cidade retomando o processo em que se encontrava”, afirma Marcos Boffa.
Em Ouro Preto, outra cidade histórica de Minas Gerais que, antes da pandemia tinha um grande fluxo de turistas de todo o mundo, o setor hoteleiro também ficou bastante prejudicado. Paulo Lemos, dono da pousada “Casa do Chá Ouro Preto”, contou que as reservas de abril, maio, junho e julho estavam praticamente fechadas, mas que foram canceladas assim que a pandemia começou. Dessa forma, foi inevitável dispensar os seus funcionários, por mais que tenha tentado segurar ao máximo.
“A princípio, muitos hóspedes tentaram mudar a data, mas na medida que as informa-ções foram ficando mais precisas, cancelaram. Até porque, muitas pessoas vinham a Ouro Preto, de março a julho, para as formaturas dos alunos da Universidade Federal de Ouro Preto e, com o cancelamento das formaturas, o cancelamento das reservas ficaram mais evidentes”, disse Paulo Lemos.
Mudança de planos
Como iniciativa de fomento ao turismo local e nacional, principalmente em razão da pandemia, campanhas como #NãoCanceleRemarque e #OBrasilEsperaPorVocê, do Ministério do Turismo, mostram incentivo não só para o local de destino dos turistas como para o setor em geral. A turismóloga Isabella Guerra, de 31 anos, expressou sua opinião a respeito da projeção da área após a pandemia dizendo que “com as moedas estrangeiras em alta, o turismo nacional pode vir a ganhar força, e o Brasil, talvez, seja, o principal destino escolhido pelos brasileiros.”
Isabela Guerra foi diretamente afetada pela pandemia não somente por atuar no setor como turismóloga e escritora de livros de viagens, mas como turista. Antes de ser decretado o fechamento das fronteiras aéreas e terrestres, a turismóloga estava viajando pelas Filipinas com o marido. Como o quadro de pandemia ainda não havia se alastrado pelo mundo, estando concentrado na China e começando a chegar à Europa, o planejamento de viagem não havia sido afetado e os voos estavam todos mantidos. Ela conta que, faltando apenas 3 dias para o retorno ao Brasil, a situação mundial começou a mudar drasticamente, fechando aeroportos nacionais e internacionais. O casal ficou preso em uma das ilhas das Filipinas até conseguirem ir para a capital, Manilla.
A turismóloga conta que, entre contatos com a Embaixada Brasileira e o Departa-mento de Turismo das Filipinas, a viagem durou 30 dias a mais que o programado.Enquanto um casal “sofreu” por estar preso em seu destino de viagem, outro sofreu por não poder embarcar. É o caso do advogado Júlio César Máximo, de 38 anos, e da fisioterapeuta Ruana Máximo, de 31, que embarcariam para uma eurotrip no dia 18 de maio. Em conversa com a redação, o casal contou como foi o processo de re-marcação da viagem para setembro.
“Nós viajaríamos dia 18 de maio, fechamos tudo em fevereiro. Se tivéssemos parado para refletir, pela China ter uma relação comercial aberta com vários países, era ine-vitável que isso acontecesse. Basicamente, por não vermos o reflexo desse vírus em outros lugares, acabamos fechando a viagem. Aí, acabou que não deu para viajar e começou a maratona para resolver a situação”, explicou Júlio César.
O casal contou detalhadamente sobre complicações que tiveram na remarcação das estadias, por exemplo, e como estão lidando com as incertezas ao remarcar a viagem para setembro. Para conferir a conversa na íntegra, acesse aqui: